Era um vai e vem de fazendeiros.
Em muitas ocasiões o assunto era sobre Juscelino e suas metas, governar cinquenta anos em cinco. Abrir muitas estradas, asfaltar, abrir caminho para passar o progresso.
Certa vez fui servir água a um visitante ele estava com uma meia com as iniciais Jk, meu pai disse que ele trazia Juscelino até nos pés... Recordavam de Getúlio Vargas, tiravam o chapel ou simplesmente tocavam em sua aba ao mencionar seu nome em sinal de repeito. Sobre Getúlio eu gostava de ouvir quando falavam da queima de café la na estação de trem próximo ao IBC. Para manter o preço Getúlio comprou a safra que excedera em produção, mandando cortar os pés de café.
Porém me lembro muito bem de ouvir meu pai relatando a insegurança dos tempos de jagunços e como tinha sido aquele governo cheio de intervenção, de coronéis, falava de um tal coronel Pedro que me fazia arrepiar de medo.
Nossa, dava muito medo!!! O nome de Arthur Bernardes era muito citado.
Aos oito anos mais ou menos eu já acompanhava minha mãe nos dias de eleições até à urna para ela depositar seu voto.
Neste dia havia uma grande movimentação de pessoas uma grande festividade e ninguém queria perder o seu voto, votavam naquele com mais chance de ganhar, mas principalmente no candidato do patrão. Era festa pra mim e para toda a comunidade. Naquele tempos eleitores podiam ser transportados, então era caminhões e Jeep cheios de eleitores pra baixo pra cima. O candidato matava boi e fazia uma comilança, servida para todos. Muito pão com salame... Pão com sardinha.
A rua (povoado) cheia de gente.... Ás vezes brigavam e havia até mortes.
Havia uma via sarca de candidatos em nossa varanda, todos passavam para tomar água, um cafezinho acompanhado de um dedo de prosa.
Eu já gostava daquilo tudo.
Os comícios era um evento à parte, com discursos dos candidatos, sanfona e muita animação, vindo gente de todas as grotas para ver de perto os candidatos ganhar tapinhas nas costas com a criançada se regalando com pirulitos e balas de nata. Lembro muito bem da campanha de Jânio Quadros para presidente cujo símbolo era uma vassourinha em forma de boton usado com orgulho na lapela por seus apoiadores. Todos cantando a musiquinha: Varre! varre! vassourinha... dizia que ia varrer do Brasil suas mazelas a corrupção. Depois veio a renúncia devido às tais forças ocultas, que ele levou para o túmulo. Com a renúncia; que não me lembro veio a posse de Jango e o pavor da reforma agrária do comunismo, Cuba e Fidel Castro.
Nesta ocasião circulou um livro que até recentemente eu não sabia o nome e nem de que se tratava, um livro que era mencionado à boca pequena, como um segredo de Estado. O livro era de um deputado, sobre comunismo, um livro proibido que peguei escondido, tentei ler mas não entendi nada, mal sabia juntar consoantes com vogais. Que fim deu aquele livro? Era do deputado Athos Vieira de Andrade. Porque proibido, não devia ser mas como o assunto era Cuba, hoje sei que era o livro Cuba o Estopim do Mundo ( preciso ler)cujo autoria é dele mesmo, Athos Vieira de Andrade o escreveu após fazer uma visita oficial a cuba (quero ler).
A renúncia de Jânio Quadros deve ter caído como uma bomba embora não lembre mas como tudo era repercutido no alpendre lá de casa.
Silêncio naquela varanda, melhor falar de café, de bois, especialidade do meu pai. A renúncia de Jânio Quadros o homem que veio do Centro-Oeste trouxe como consequência a conturbada posse do Jango. Muito mais popular e também mais decidido considerando a dualidade ou não seria bipolaridade? de seu antecessor.
Me lembro do Plebiscito sobre Presidencialismo ou Parlamentarismo, e que o povo não sabia em que estavam votando, foi a eleição conhecida como do sim ou não.
Como ouvi os adultos la no alpendre de casa, em tom jocoso, vai que agente vota não, e é coisa boa, mas se vota sim, e é coisa ruim nos estamos ferrados.
Não sei mas por via das dúvidas quem ganhou foi o não, ganhou errado? Deu no que deu... não estou convicta.
O tempo seguiu seu curso...
Perdi a varanda com seus casos e causos a alegria, muito da inocência e o status de sinhazinha.
De lá pra cá, eu sei onde estava em cada grande acontecimento histórico, sei sim, não perdi um sequer. O golpe de 31 de março de 1964, estava na escola e fomos mandados às pressas para casa, com a recomendação de ir direto. Como de costume fui em julho para a fazenda dos pais da minha antiga professora, lá fiquei sabendo detalhes da grande movimentação, dos tanques do exército no dia do golpe na cidade do Rio de Janeiro, como tinha sido difícil a volta dos trabalhadores naquele dia principalmente quem morava pelos lados da base militar de Deodoro como a relatora em questão.
Pavoroso, mas o pior estava pra vir.
Eu sou mesmo um animal político, gosto de estar muito bem informada, não fujo a uma boa discussão.
Gosto de política mas estou profundamente decepcionada com esta politicagem que esta causando esta enorme crise no Brasil.
Uma crise política que tem me tirado o sono......
- Ocupou a presidência nos 15 anos seguintes e adotou uma política nacionalista. Em 1934, promulgou uma nova Constituição. Em 1937, fechou o Congresso, prescreveu todos os partidos, outorgou uma Constituição, instalou o Estado Novo e governou com poderes ditatoriais. Nesse período, adotou forte centralização política e atuação do Estado.Na área trabalhista, criou a Justiça do Trabalho (1930), o Ministério da Justiça e o salário mínimo (1940), a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) (1943), a carteira profissional, a semana de 48 horas de trabalho e as férias remuneradas. Na área estatal, criou a Companhia Siderúrgica Nacional (1940), a Vale do Rio Doce (1942), a Hidrelétrica do Vale do São Francisco (1945) e entidades como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -1938). Foi derrubado pelos militares em 1945.Voltou à presidência na eleição de 1950, eleito pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), que ajudou a fundar. No último mandato, criou a Petrobrás. O envolvimento do chefe de sua guarda pessoal no atentado contra o jornalista Carlos Lacerda levou as Forças Armadas a exigir sua renúncia no último ano do mandato.Suicidou-se em meio à crise política, com um tiro no peito, na madrugada de 24 de agosto de 1954, dentro do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, deixando uma carta-testamento em que apontava os inimigos da nação como responsáveis por seu suicídio.
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